16/09/2017
Andras Schiff deixou estupefata toda a audiência do Teatro Municipal há poucas semanas, ao intercalar continuamente peças de Bach e Bartók ao longo de todos os primeiros cinquenta minutos de seu programa incomum. Foi a senha para que nossa acanhada indústria de clássicos lançasse por aqui esta agradável coleção de encores, pequenas peças magnificadas pela arte maior do pianista húngaro.
Com seu colega de geração e de gênio, a Universal tem sido mais generosa: Brahms é mais um título a enriquecer o catálogo de discos de Nelson Freire no Brasil.
É também daqui que partiu para o sucesso internacional um dos maiores celista do mundo: Antonio Meneses. Aproveitemos um raro lançamento nacional (Meneses grava para o selo francês Avie), que reúne o crème de la crème do repertório solista para o instrumento.
Mas não é só isso: a arte do celista desafia fronteiras musicais, e o mesmo faz a arte do pianista André Mehmari, seu parceiro de aventura e de iniciais em Am60 Am40. Para os que buscam caminhos antes jamais traçados, vejam o excelente texto de apresentação deste projeto.
A dívida da música instrumental brasileira com a obra de Hermeto Pascoal é algo impossível de ser mensurado. E muitas vezes sequer ouvido. O Sesc São Paulo mais uma vez preenche lacunas nos trazendo novamente Hermeto em ação, homenageando grandes do jazz, e ao lado de parceiros de longa data.
A veterana Maria Alcina retorna ao foco com um tributo a Caetano, que nos chega cercado de grande expectativa.
Menos veteranos, Os Tribalistas já conquistaram em todo caso seu lugar de referência, e seu reencontro era por muitos aguardado com grande expectativa. Já Otto, Criolo e Jussara Silveira refazem a cada dia seus limites de ação na cena musical brasileira.
Da Hungria não nos chega apenas o grande Andras Schiff neste fim de semana, mas também Sándor Marái e um romance, inédito em edição nacional, que tem por desafio tomar como figura central o personagem irreverente de Giacomo Casanova.
Integrantes de uma legação francesa aqui chegada no início do século passado, Paul Claudel e Darius Milhaud estavam, de início, envolvidos em interesses comerciais e políticos do governo francês. Entretanto a permanência nos trópicos de duas grandes sensibilidades teve efeitos marcantes em sua produção literária e musical. A Outra Missão Francesa descreve em detalhes, e com vasta iconografia associada, esta rica experiência de vivência estrangeira, em relatos que extrapolam em muito a simples descrição de seu impacto sobre a obra dos dois grandes artistas, oferecendo, para além disso, um instigante panorama político, histórico e cultural da época.
Um bom fim de semana para você.
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